O arquiteto Eduardo Souto de Moura, distinguido com o Prémio Pritzker 2011, considerado o Nobel da Arquitetura, mostrou-se surpreendido com a atribuição do galardão, afirmando que não o ganhou “por ser excecional”.
“Uma das coisas que Siza Vieira (o outro arquiteto português vencedor do Pritzker) diz é que a primeira condição para ganhar prémios é não pensar neles. E, portanto, eu nunca esperei ganhar o Pritzker”, disse Souto de Moura na segunda-feira à noite, em conferência de imprensa, num hotel de Lisboa.
“Se mo deram a mim, não é por ser excecional. Eu adivinho que, com a crise internacional, a crise económica, os arquitectos excepcionais não vão ter grande futuro, porque acabou um certo estrelato na arquitectura”, disse.
Sublinhando tratar-se de uma interpretação sua, “porque o júri foi unânime” e não conhece lá “ninguém pessoalmente”, o arquiteto considerou “que tem algum significado esta entrega a um arquitecto português”.
“Porque é um prémio americano, que entregam à Europa, que entregam ao país mais marginal da Europa, e talvez ao menos vistoso dos arquitectos portugueses, talvez dos mais sóbrios, por uma questão de formação, que defende quase a arquitetura anónima — bem feita, mas quase anónima -, a arquitectura simples, objetiva e pouco narrativa”, argumentou.
Sobre as consequências deste prémio, Souto de Moura observou: “Para mim, é muito bom, porque estava muito preocupado com a minha actividade de arquitecto [no atelier de Lisboa emprega 10 arquitetos e no do Porto 35]. Praticamente, só trabalho lá fora (…) e assim vai haver mais trabalho”.
Fonte: DN Artes